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SP - Vale do Paraíba e região

Usina dessalinizadora de SP será a terceira do país para consumo humano; entenda riscos e benefícios

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Ilhabela, no Litoral Norte paulista, deve receber a primeira usina dessalinizadora para consumo humano no Sudeste; especialistas apontam os impactos positivos e negativos que a construção pode causar. Cidade de Ilhabela

Divulgação/Prefeitura de Ilhabela

Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, deve receber, nos próximos anos, uma usina dessalinizadora para ajudar no abastecimento de água própria para consumo humano da população da cidade.

O edital para a construção do sistema, às margens do Ribeirão Água Branca, foi publicado pela Sabesp. O sistema deve ser o terceiro, voltado ao consumo humano, implantado no país.

Atualmente, Fernando de Noronha (PE) já conta com um sistema de dessalinização em operação. Ainda no Nordeste brasileiro, Fortaleza (CE) deve receber, em breve, uma usina na Praia do Futuro.

Fernando de Noronha (PE) já conta com um sistema de dessalinização.

Ana Clara Marinho/TV Globo

A usina que deve ser implantada em Ilhabela será a primeira voltada ao consumo humano na região Sudeste. Ela usará a tecnologia de osmose reversa, que é um processo no qual é aplicada alta pressão a um volume de água do mar ou salobra.

A água passa através de uma membrana e se obtém água limpa sem que partículas de sal fiquem presas no outro lado da membrana. Em Vitória (ES), uma siderúrgica utiliza o sistema para a produção industrial desde setembro de 2021.

Em entrevista ao g1, o coordenador da Câmara Técnica Nacional de Dessalinização e Reuso de Água, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, Renato Giani Ramos, explica que a construção da usina deve ter alguns cuidados.

"Temos prós e contras como toda obra civil grande. Tudo começa com planejamento. Se o planejamento está adequado, provavelmente vamos colher frutos lá na frente, que não deem problema", apontou.

Ilhabela, no Litoral Norte de SP, deve receber usina dessalinizadora

Reprodução

Segundo o coordenador, o local escolhido não pode ser berçário de fauna marinha ou reduto de flora marinha específica.

"Não posso fazer uma captação de qualquer maneira, porque eu posso trazer peixes para a bomba de sucção do sistema", continua.

Ele também ressalta o cuidado com a devolução material salino não aproveitado no processo.

"Hoje, por exemplo, tem casos na Austrália dessa devolução da água salina, que ela acontece por dispersão em diferentes profundidades. Então você não joga essa água salina de uma vez só. Ela vai se diluindo ao longo do processo e aumenta o desenvolvimento da biota marinha, tanto flora, quanto fauna", acrescentou.

Ilhabela, no Litoral Norte de SP, deve receber usina dessalinizadora

Reprodução

No entanto, um dos benefícios que o sistema de dessalinização pode gerar é vantagem na questão da energia elétrica.

"Hoje a dessalinização chegou num patamar que traz uma vantagem em energia elétrica muito melhor do que aquilo que a gente conhecia anos atrás. Hoje os consumos energéticos com dessalinização, usando membranas de osmose reversa, dão consumos melhores do que eram anos atrás", apontou.

"A dessalinização entra e sai em determinados momentos. Em um momento que eu vejo que eu posso trabalhar com recursos hídricos tão mais altos e que têm um custo relativamente mais barato, eu trabalho com eles. Se esses recursos hídricos começam a diminuir, eu entro com a dessalinização e vou fazendo esse equilíbrio. Tudo é questão de saber ter equilíbrio na utilização das tecnologias, aí eu acho que os benefícios vão ser muito maiores do que os pontos negativos", completou.

José Carlos Mierzwa é professor no Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica da USP e pesquisador na área de tecnologias de separação por membranas para tratamento de água e efluentes.

Ilhabela é a cidade de SP com maior percentual de moradores sem abastecimento adequado de água

Reprodução/TV Vanguarda

Segundo o engenheiro, que atuou como consultor no desenvolvimento do edital do sistema de dessalinização de Fortaleza, a implantação da usina deve beneficiar principalmente a população de Ilhabela.

"O benefício é da população, pois há segurança no abastecimento de água, e à companhia por ter capacidade de fornecimento. Especialmente para o caso de Ilhabela, não há área suficiente para a captação e armazenagem da água de chuva em reservatório", avaliou.

De acordo com o engenheiro, a tecnologia de dessalinização já está consolidada no mundo inteiro e é um benefício que não está vinculado ao prazo, pois a fonte de abastecimento independe de condições climáticas.

Ele apontou que existem riscos, mas que, se o projeto for bem conduzido, os benefícios superam tais riscos.

"Deve-se considerar que qualquer atividade que desenvolvemos apresentam riscos, os quais devem ser devidamente contemplados no projeto. Se o projeto for bem conduzido, os benefícios superam de forma significativa os riscos associados. Além disso, esses projetos passam por licenciamento ambiental. A questão principal é ter ou não ter água para atendimento da população", finalizou.

Segundo o edital da Sabesp, os interessados na construção da usina têm até o dia 25 de junho para apresentar propostas. A previsão inicial é que ela seja implantada em 2026.

A empresa vencedora da concorrência também terá que construir um centro de educação ambiental com auditório, painéis fotovoltaicos e altura máxima de 8 metros, numa área total de 280 metros quadrados.

6,5% da população de Ilhabela não tem abastecimento adequado de água

Fim da falta d'água

Segundo o prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci (PL), a implantação da usina deve cessar a falta de água constante na cidade, especialmente na alta temporada, com o recebimento de turistas.

"A cidade como um todo vai ser beneficiada, porque a gente vai passar a misturar a água produzida, que é captada hoje nos córregos e nos rios, com esses 2,5 milhões de litros de água produzidos por dia. Então vai ser um fornecimento a mais de água e a gente não deve ter mais essa falta de água constante, frequente, principalmente nos feriados e na temporada", explicou.

"Isso minimiza os problemas. Quando a gente tem chuvas torrenciais, a gente não tem uma represa, então a água vem direto da cachoeira, e quando chove muito o barro vai para dentro da cachoeira, então a produção de água cai muito. Com a estação de dessalinização, a água é constante, então a gente vai ter uma reserva", completou.

Praia da Serraria em Ilhabela.

Divulgação/Prefeitura de Ilhabela

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Fonte: G1.Globo

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